.Carla e Fabio.
Cena 03 – Int. Dia. Cozinha. Setembro. 2005.
O relógio na parede, acima da mesa, aponta 07:04 am. Uma luz matinal adentra por entre as grandes janelas que rodeiam a aconchegante e circular cozinha da casa de Fabio e Carla. Em pé, ao lado de uma farta mesa de café da manhã, Carla termina de ajeitar o cesto com pães, metódica, por diversas vezes muda de posição os alimentos da mesa, tentando encontrar uma melhor distribuição para eles, quando sua concentração é interrompida pela entrada de uma criança de aparentemente seis anos, seu filho, Téo, o nome, homenagem a um grande amigo que há muito não vêem. Apressado, ele põe sua mochila na mesa e corre para beijar sua mãe, que o trata como um bebê:
Téo
- Bom dia mamãezinha...
Carla, com um tenro olhar, da um delicado beijo em seu filho, um selinho:
Carla
- Bom dia meu anjo.
Teo come seu cereal. Carla toma seu café. Do corredor da sala que da para a cozinha, Fabio, o marido de Carla, aparece. Alto, expressão tranqüila, serena, aparenta o chefe de família perfeito. Um perfeito banana. Terminado seu café, Carla vai levantando-se da mesa levando sua xícara até a pia enquanto fala com Fabio, que brinca com Teo na mesa:
Carla
- Fabio, preciso ir, estou atrasada...(olhando o relógio)...Teo, vai escovar os dentes...tenho reunião com as “Senhoras Atuantes do Sagrado Coração de Jesus” para definirmos as doações, preciso fazer isto ainda essa semana...(pegando sua bolsa)...tenho o dia cheio no escritório...(pegando a mochila de Teo)...vem, Teo, vem meu anjo, mamãe tem muito o que fazer depois de deixa-lo na aula...
Delicadamente Fabio beija seu filho e com carinho ele olha para Carla, que o sorri de uma maneira mais fria, distante, quase formal. Teo pega sua mochila, dando a mão para sua mãe. Os dois saem pelo corredor que leva até a grande sala de estar da casa, com uma aconchegante lareira e um enorme lance de escadas que aponta um segundo andar ainda mais imponente. A sala possui uma bela vista para um verde e grande jardim. Carla parece tensa, sua expressão reflete a atitude que acabou de ter com seu marido ao sair da cozinha. Por um momento, ali no meio de sua imponente e silenciosa sala de estar, ela pára, solta a mão do filho, corre pelo corredor em direção a cozinha, onde Fabio termina seu café. E antes que ele perceba, Carla chega por trás dele, virando sua cadeira de frente para si, agarrando-o e dando-lhe um ardente beijo adolescente, deixando seu marido sem reação, para sua completa surpresa. Sensualmente ela o aperta, comprimindo seu corpo contra o dele. Fabio, atônito, apenas aceita tudo. Carla empurra-o contra a mesa:
Carla
- Você é muito importante pra mim viu...não esquece disso...muito importante mesmo...te “adouro” muito...muito.
Da mesma maneira intensa como entrou, Carla sai, deixando Fabio congelado, contra a mesa de café da manhã, expressão extasiada, apenas sorri, sozinho, feliz. Carla passa pelo corredor, saindo na sala de estar, onde Teo a espera, ela pega-o pela mão, saindo com ele em direção a garagem. O portão da garagem se abre. Ela da uma sutil piscadinha para Teo que lhe sorri de volta. Carla sai com o carro pelo elegante condomínio em que mora, quando percebe que no radio toca uma canção que a muito tempo não ouvia “Whishing(Is I Have a Fotogreafe of You” da banda Nouvelle Vague. Animada, ela cantarola junto a musica. Teo, sentado no banco de trás, parece imerso num mundo próprio. A caminho da escola é possível perceber o belo condomínio em que vivem, próximo a tudo, inclusive a escola do filho. Carla para o carro, beija Teo novamente com um selinho, perguntando-lhe:
Carla
- De quem é tudo isso que Deus fez??(sorrindo)
Teo
- É da minha mamãezinha.
Carla, parada dentro de seu carro, em frente a escola, vê seu filho entrar, e somente apos perde-lo de vista na entrada é que sai lentamente com seu carro em direção a “Sede das Senhoras Atuantes do Sagrado Coração de Jesus”. Poucas quadras depois da escola de Teo, ela para o carro em uma pequena praça arborizada, discreta. Ali naquela praça silenciosa e vazia, ela retira do seu porta luvas um maço de cigarros, acendendo um, olhando ao seu redor, dispersa. Ela da uma tragada, olha pelo espelho retovisor. Da outra tragada. Abaixa o espelho do motorista e se olha, sentindo-se desconfortável, aflita, quase chora. Ela é tomada por uma gama de sentimentos que a incomodam, perturbam. Da mais uma, duas, três tragadas de seu cigarro, olhando ao seu redor. E não mais que rapidamente sua feição muda, e para si, no espelho sorri, subindo o para sol. Em frente a Sede, ela para seu carro no estacionamento, caminha em direção ao saguão do prédio, pega o elevador, subindo até o sexto andar, entrando numa sala grande onde fica a sede. Chegando percebe que todas as demais senhoras, todas umas velhas dondocas e coloridas já estão presentes, apenas aguardando por Carla, que com um sorriso amarelo, a todas cumprimenta:
Carla
- Vocês hein...quando eu acho que vou ser a primeira a chegar...e então, todas animadas?
Ouve-se murmúrios e gargalhadas, pequenos gritos.
Corta Cena 03
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segunda-feira, 9 de junho de 2008
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Um comentário:
Que bacana, ainda não li tudo, mas prometo voltar com mais calma e terminar. Mas tá maneiro.
Ahh, as férias estão aí..semana que vem.
bjinhu.
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